quarta-feira, 3 de junho de 2020

Minissérie: A Vida e a História de Madam C. J. Walker


Título Original: Self Made: Inspired by the Life of Madam C. J. Walker
Produção: DeMane Davis, Eric Oberland, Lena Cordina
Direção: Nicole Asher
Elenco: Octavia Spencer, Carmen Ejogo, Tiffany Haddish, Blair Underwood, Garrett Morris
Gênero: Drama
Sinopse: A história de Madam C. J. Walker (Octavia Spencer), ativista social e primeira mulher milionária dos Estados Unidos a conquistar a própria fortuna: por meio de uma linha de produtos capilares e cosméticos para mulheres negras.
Onde Assistir: Netflix
Ouça a trilha sonora: Spotify

Sarah Breedlove teve uma vida sempre muito difícil, batalhando como lavadeira para ganhar centavos, mas ela sempre quis mais que isso. Quando seu cabelo começou a cair e seu marido a abandonou, Addie Munroe bate na sua porta com um produto que ajuda no crescimento do cabelo, mas o que Sarah enxerga é uma oportunidade de mudar de vida.

Baseada em fatos reais, a minissérie da Netflix brilha em trazer uma história carregada de luta, emoção e inspiração. A trama foi bem planejada e dividida entre os quatro episódios de aproximadamente 45 minutos, tornando fácil para assistir tudo em uma sentada só. Inclusive, esse formato de minissérie (que eles poderiam ter escolhido fazer como série ou até mesmo um filme) foi uma ótima sacada, visto que trouxe a história de forma completa, sem a necessidade de enrolar demais ou acabar perdendo fatos importantes.

Sarah é uma personagem cativante e a interpretação feita por Octavia Spencer torna tudo melhor. A atriz vive aquele papel e nos faz sentir tudo o que a personagem sente, nos faz querer torcer e lutar para que a protagonista possa realizar tudo aquilo que acredita e sonha. Além disso, a atuação de todo o cast em conjunto é de tirar o fôlego, todos personificaram muito bem seus papéis e fizeram um lindo trabalho. Uma menção honrosa para meu personagem coadjuvante predileto, Cleophus. O sogro de Madam C. J. Walker, brilhantemente interpretado por Garrett Morris, é um homem que sobreviveu à escravidão e que possui falas e atitudes que vão conquistar seu coração.

A história se passa no início dos anos 1900, então o racismo é extremamente presente. Mas não só isso, a série aborda diversas pautas que passam por relacionamentos, amor, feminismo, orgulho, empreendedorismo, romance entre pessoas do mesmo sexo. E é uma história perfeita pra mostrar que o que estamos vivendo hoje no Brasil e no mundo em termos de preconceito vem de séculos atrás. Sempre existiu. A história vive se repetindo, mas não podemos deixar que isso aconteça. Ver essa série pode ser até mesmo uma forma de conscientização da luta contra o racismo e todo outro tipo de preconceito.

"Às vezes, o silêncio é a única proteção que uma mulher negra tem. E agora que aprendi a contar minha história, não posso mais ficar em silêncio." - Madam C. J. Walker


O roteiro é um dos mais bonitos que eu já pude perceber. Os discursos que Madam C. J. Walker faz ao longo dos episódios são inspiradores, reais, brutais, instigantes, verdadeiros e extremamente atuais. Cada discussão e conflito que surge gera falas que são perturbadoras, porém necessárias. E as citações de grandes nomes são um charme a mais que acabam trazendo ainda mais poder e peso para o trabalho do(a) roteirista e que encaixam perfeitamente com a situação em que aparecem.

E falando em encaixe, aqui temos mais uma trilha sonora de destaque. É uma delícia escutar essa trilha, seja só escutando as músicas, seja encaixadas na minissérie. A escolha de músicas foi certeira. A letra das músicas casa com o que está acontecendo na história e a batida das músicas conversa com a direção, tornando tudo mais impactante e real.

Ganhando o prêmio de melhor série/minissérie assistida em 2020 (até o momento que estou escrevendo esse post), Self Made merece seus destaques. Fico triste em saber que essa série não teve o reconhecimento que merecia, mas trago ela aqui na esperança de que alguém mais vá conhecer essa história. Eu chorei, eu ri, eu me emocionei, eu fiquei tensa, eu passei ódio, eu torci, eu tive todas as emoções. Sem nenhuma sutileza, a minissérie Original Netflix trouxe assuntos que precisam ser discutidos e que merecem atenção. 

Madam C. J. Walker se tornou a primeira mulher preta milionária dos Estados Unidos, fazendo produtos de cabelo de pretos, para pretos e por pretos. Ela queria a ascensão das pessoas pretas. Ela queria que todos tivessem voz. E ver sua luta nos inspira a não desistir do que ela e muitos outros começaram. A luta por direitos iguais não para até que todos tenham voz. 


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