sábado, 23 de maio de 2020

O Garoto Quase Atropelado - Vinícius Grossos

O Garoto Quase Atropelado - Saraiva

Foi muito difícil vir aqui e escrever essa resenha, por mais que eu quero que o mundo inteiro leia esse livro e conheça essa história, mas vamos lá. Esse livro é escrito com o formato de diário, o que nos traz uma narrativa em primeira pessoa, e nós nunca ficamos sabendo o nome do protagonista.

Oi? Como assim? Pois é. Tem uma nota que já te avisa disso antes da história começar mas eu mesma só fui entender esse fato lá pela metade do livro e eu acho que essa foi a grande sacada do autor porque isso torna com que o garoto quase atropelado possa ser qualquer pessoa, até mesmo o leitor.

O nosso protagonista passou por um trauma muito grande e a psicóloga dele o aconselha a escrever o diário que vamos acabar lendo durante 30 dias do mês de novembro. Ele acaba conhecendo a menina do cabelo de raposa, a menina do cabelo roxo e o James Dean não tão bonito e a narrativa vai ser em volta dessa amizade e do romance que surge por ali.

Começando pela narrativa, eu tenho uma certa questão com livros escritos em primeira pessoa que é 8 ou 80: ou vai ser uma narrativa incrível e profunda, onde podemos realmente conhecer a personagem, ou eu vou achar ela completamente insuportável. Felizmente, aqui encontramos o primeiro caso :)

Apesar de algumas atitudes que podem ser bastante contraditórias, foi muito fácil pra mim entrar na narrativa do protagonista, mergulhar na história que ele estava contando e visualizar as cenas dele escrevendo o diário enquanto revivia aqueles momentos na cabeça. Foi muito louco, pra ser sincera, mas eu amei demais essa sensação.

Outro ponto que eu amei foi a sensibilidade e a delicadeza que o autor trouxe pra tratar de assuntos muito pesados e tensos e doloridos mas que precisam ser debatidos. A ideia de trazer desenhos pra ilustrar melhor sem tornar algo TÃO pesado e incômodo de se ler também foi uma boa ideia. Já até aviso que esse livro pode ser gatilho por tratar de: distúrbios alimentares, suicídio, homofobia, abuso sexual; então tomem cuidado antes de ler ok?!

O final do livro também é muito imprevisível, pelo menos até você chegar na parte que esse final está prestes a acontecer. Quando eu estava lendo, minha cabeça só conseguia pensar "eu não acredito que o autor está fazendo isso, não é possível que isso vai acontecer" mas aí o que? Aconteceu né?!

Eu tenho um porém pra dizer mas é em relação à capa. Essa capa é linda demais, mas ela passa uma ideia de livro feliz e leve (tanto é que foi por isso que eu peguei pra ler, eu queria alguma coisa super de boa mas podemos ver que me enganei) e não é essa a realidade que encontramos dentro das páginas. Mas continua sendo uma capa linda e a diagramação também ficou muito boa.

Se tornando o meu livro favorito de 2020 (até agora), O Garoto Quase Atropelado é um livro muito especial. Conforme eu lia, fui sendo envolvida como se fosse atravessar a rua sem olhar pros dois lados. Quando cheguei no quase final, eu perdi o chão e senti o carro encostar em mim. Quando terminei de ler, percebi que tudo não passou de um arranhão e posso afirmar com toda certeza que me senti quase atropelada.

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